quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Do que cabe...


Quantas vezes minhas mãos me desobedeceram e insistiram em escrever, como uma forma bonita de chegar.
Tenho o costume de guardar tudo o que escrevi ao longo desse tempo, em que partilhei coisas tão minhas, que hoje não sei se cabem.
Olhando para os escritos percebi que só haviam os envios, nunca as respostas.
Talvez alguma resposta indireta, quando em sua fala percebia tanto do que só eu sabia, mas entre o concreto da certeza e o talvez, existe uma distância muito grande que cansei de tentar percorrer.
Minha espera nunca foi grande, um "conte comigo" já ocuparia um lugar sagrado para mim.
No entanto, essas palavras nunca saíram da singularidade, por isso ficaram mudas. Mudaram de lugar, de lar. O mundo dá suas voltas, traça seus contornos.
Meu olhar continua desarmado para os encontros que a vida faz, mas hoje aprendi a olhar devagar. Chega de olhares curiosos e apressados.
Só permanecerá o que for recíproco, cheio de gestos concretos de sinceridade e inteireza, atitudes que cabem inteiras no meu mundo.

Por Carol Righetto

2 comentários:

  1. As coisas que completam por dentro, não faz diferença até onde vão lá fora.

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  2. Maninha...
    Este espaço é de encanto e despojamento. Intimamente teu partilhar consagrado. O adentrar requer aquela descalça reverência... Na minha contemplação, lentidão.
    Detida ainda estou no início desta bonita travessia...

    A medida da reciprocidade é solitária. Permanece apenas até apagar, consumar,consumir amarelar, envelhecer, morrer...
    Da comunhão é incomensurável, transbordante e, por isto, incabível. Multiplica-se em silenciosas possibilidades até ressuscitar. É o Amor pascal de Deus, o Eterno Construtor desta "ponte de significados".

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