Vejo a existência como um ninho. Eterna (re)construção.
Sábios são os passarinhos. Demoram no jeito de olhar, escolhem o melhor lugar, o mais seguro. Protegem o que é frágil através das escolhas.
Há o que possa desmoronar, machucar, quebrar, mesmo que todas as reservas de cuidados estivessem ali, plantadas.
Somos assim também. Feitos de pequenas escolhas que tecem o ninho da vida.
Direito nosso, tão singular e tão plural. Tudo depende do que fazemos, do que nos afeta e pode afetar o próximo.
Há muito o que ainda falta...
Falta percepção e cuidado com o que está próximo ou distante, falta confiança no gesto, falta tirar as máscaras do coração, falta limpar a gaveta das mágoas.
Mesmo que falte muito, que a desistência quase caiba dentro da existência, os pássaros, mesmo assim, não desistem.
Seu querer é mais forte para tecer tudo de novo, fio a fio.
Cantam alto, compõe uma nova melodia, olham para dentro.
Por Carol Righetto